FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

A única maneira de fazer o Brasil progredir é com educação, informação e caráter.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

QUAL A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA?

 

                          FONTE:https://blog.maxieduca.com.br/funcao-social-escola/
                         

Neste início de ano, houve muitas mudanças e investimentos na educação por parte do governo de São Paulo. Claro que muitas coisas ainda precisam acontecer e essas transformações não chegam nem perto do que é o ideal, mas acredito que, para haver algo realmente significativo, podemos começar pelo papel da escola e, nesse papel, devemos mantermos a mente aberta e não nos restringirmos apenas ao alunado, mas também aos gestores, professores e a toda sociedade.

A escola não tem a função de mudar a sociedade, isso seria pensar ingenuamente, ela não é responsável por melhorar a vida do aluno nos aspectos social, econômico e familiar: isso é função da assistência social do estado. Mesmo assim, ao tomarmos consciência de todo esse processo, podemos colaborar para que isso aconteça.

Se a educação trabalha um currículo de forma homogeneizadora, meritocrática e reproduz a cultura elitista, ela vai contribuir para as desigualdades sociais, pois a sociedade meritocrática na qual vivemos dificulta o processo real de se tornar uma sociedade inclusiva e democrática, ao impor a ideia de que, se o indivíduo está numa condição social favorável é porque ele mereceu estar ali, sem levar em consideração o seu ponto de partida, ou seja, que todos partem de pontos diferentes.

                                                 FONTE:https://www.acessa.com/educacao/arquivo/filosofia/2018/07/23-educacao-seus-desafios-homem-nao-nada-senao-que-educacao-faz-dele/

Muitos deles chegam às escolas ou à vida social já avançados, intelectualmente falando, do que outros e, na verdade, não necessitaram da escola para isso, pois tiveram uma base familiar mais privilegiada que outros. Se a escola for tomada por esse pensamento, dessa sociedade meritocrática, ela não conseguirá ajudar seus alunos, apenas vai legitimar e ampliar as desigualdades. Não podemos basear-nos nesse pensamento meritocrático, quando as oportunidades não são iguais para todos.

O livro Compreender e Transformar o Ensino, de J. Gimeno Sacristàn e Angel I. Perez Gomez, fala da função compensatória da escola e do processo de humanização e socialização. 



O sentido de humanização, segundo os autores, é quando potencializamos e respeitamos o sujeito em suas diferenças, quando damos condições dignas para que ele viva de forma social. Esse é o compromisso da escola e do processo educacional com o sujeito, não apenas de formá-lo, mas também de transformá-lo e emancipá-lo socialmente. A escola deve ultrapassar a função reprodutora do processo de socialização e provocar o desenvolvimento pessoal do aluno.

Na nova concepção da escola, a função educativa é preparar o sujeito com conhecimentos, ou seja, ensinar-lhe tudo quanto faz parte da cultura elaborada existente e os saberes científicos, e deve ir além disso: criar condições para que os estudantes tenham autoconhecimento e construam sua realidade através de sua comunidade, compreendendo a sua própria condição, o seu papel na sociedade, ganhando autonomia e, obviamente, preparo com o conhecimento necessário para que reconheçam sua condição social.

O conhecimento não é apenas reprodução de conteúdo. Deve possibilitar ao aluno ir além das aparências, da superficialidade e conhecer a essência da sociedade na qual está inserida, contribuindo para que ocorra sua socialização e humanização, mas com a criticidade necessária para que reconheça a sua condição social e historicamente construída na sociedade. Ir além do status quo, combatendo qualquer tipo de alienação.

O processo educacional deve assumir algumas características específicas e nunca poderá ser um processo defasado nos conceitos de época, comunidade, grupo social, contexto histórico, econômico e político, cultural etc. Devemos sempre considerar o contexto social do estudante.

Para concluir, devemos ter uma visão crítica e oferecer aos alunos essa mesma forma de pensar para que ele tenha condições de se formar enquanto cidadão e lutar por uma vida melhor. Os saberes e conhecimentos devem ser muito bem trabalhados, com uma conexão daquilo que ele vê na escola com o contexto social dele. É somente dessa forma que a escola consegue cumprir o seu papel.

A escola pode resolver a discriminação, a exclusão, as injustiças e outras existentes? Não, mas pode atenuar os efeitos fazendo o papel dela. Como? Substituindo a lógica da homogeneidade pela lógica da diversidade, ao invés de utilizar modelos uniformes, acadêmicos, mecânicos, linearizados, disciplinador e elitista. Devemos, professores e gestores que fazemos parte desse processo ativo, romper com tudo isso e passarmos a utilizar um modelo mais variado e que seja voltado para as necessidades dos alunos, um modelo acadêmico com foco nas necessidades dos alunos, um modelo flexível e plural. Se a escola não se adaptar a essa nova lógica da diversidade, ela não conseguirá cumprir sua função social nem compensar aquilo a que ela se propõe.

segunda-feira, 29 de março de 2021

Ciência e a Ignorância do Negacionismo

 

                                   Fonte: Globo


                                           O que é ciência?

 

Vamos falar de opinião e método científico?

Existe uma ignorância muito grande de como a ciência funciona e de quais são os métodos utilizados para embasamento científico.

O que eu mais ouço é que a ciência pode errar e que nem sempre ela está certa. Vários pormenores, no entanto, são descartados por aqueles que desconhecem seus métodos, um grupo, infelizmente, ainda constituído de um número grande de pessoas, muito mais do que deveria!

Essa falha pode estar diretamente ligada a uma educação defasada, tanto na formação de profissionais quanto no ensino infantil, desde professores que não são preparados de forma adequada para instigar na criança a crítica e o ceticismo até o desinteresse pela busca desses conhecimentos em pleno século XXI.

Tudo isso pode ter vários motivos, desde políticos e ideológicos até motivos de ordem pessoal.



Fonte: Universo Racionalista- Por que devemos escolher a ciência ao invés das crenças?

Um exemplo dessa defasagem pode ser exemplificado na crença dos tais kits da Covid, no movimento antivacina, na crença absurda da terra plana, nas pseudociências (crenças disfarçadas de ciência) como a astrologia, as crendices populares, a homeopatia, a aparição de discos voadores etc. etc. etc..

Em todas as áreas do conhecimento humano, há sempre algum profeta, algum charlatão travestido de cientista ou autointitulado sábio, guru, sacerdote etc. a dizer e difundir coisas que confundem o público leigo, usando uma linguagem pseudocientífica ou o puro “embromês” ou ainda citações devidamente distorcidas de livros e santos e sábios antigos para fundamentarem suas crenças.

Para que uma ideia (ou uma teoria) seja provada cientificamente, ela precisa, em primeiro lugar, partir de uma hipótese válida, com uma boa fundamentação teórica. Esse é o primeiro passo! Se não tiver fundamento, nem é testada. Depois de passar por esse primeiro crivo, os cientistas de um determinado laboratório vão testá-la, tanto através de experimentos quanto de simulações em ambientes controlados ou no computador.

O experimento ou a simulação são repetidos incansavelmente até que os resultados se enquadrem num padrão razoável de confiabilidade. Então, a hipótese é levada a outros laboratórios para revisão do estudo. Novos testes são feitos. Em seguida, os trabalhos e as experiências são publicados em revistas especializadas, para conhecimento e avaliação de outros cientistas que possam dar um feedback a respeito desse experimento. É o que chamam de pré prints.

Se o estudo for confirmado (a revisão teórica e as experimentações ou simulações) pelos outros laboratórios espalhados pelo mundo, tem-se a publicação do trabalho e seus resultados numa revista científica da área. No caso da medicina, temos a Lancet, mas cada área tem sua revista “oficial” e séria. Aí vira uma teoria científica, um print, ou seja, de acordo com o senso comum da área do conhecimento a que está afeita, torna-se “uma teoria” - que ainda está sujeita a discussão e de mais estudos que propiciem um de profundo embasamento e de outras comprovações. Nessa situação, a teoria dificilmente é descartada, mas pode ser modificada, caso surjam novas evidências diante de novos avanços do conhecimento ou da tecnologia.

Todas as áreas do conhecimento humano se utilizam da ciência para embasamento de suas teorias, de uma forma direta ou indireta, mas sempre dependem da comprovação pelo método científico, para se tornarem válidas e serem divulgadas e ou utilizadas.

Ah! Mas existem teorias que foram descartadas!

Não é bem assim, teorias não foram descartadas ou refutadas, mas sim aprimoradas. São como um edifício em construção: existe uma base que precisa ser bem construída (que é a teoria) e ela é aprimorada conforme novas evidências vão sendo apresentadas. Então usar esse tipo de argumento não é válido, pois estamos na era tecnológica e científica e com grandes avanços. Quando uma publicação é feita numa revista renomada e revisada por pares, ela já foi estudada e verificada por cientistas de vários lugares, com diferentes crenças (porque nem todos são ateus) e com diferentes posições políticas e ideológicas. Portanto, não é mais opinião, é estudo!

A ciência não é feita de crenças nem de opiniões, mas sim de estudo sério e sistemático que independe da opinião de quem quer que seja.

Referências:                                                                                                                                             

 

 

 


sábado, 13 de março de 2021

Uma Lição na Pandemia

 

                                                                Foto: Olhar Digital

Depois desse, aproximadamente, um ano de pandemia e todas as suas consequentes tragédias, apesar de tudo, há algo bom que possamos tirar como lição, caso o brasileiro aprenda o que deve ser valorizado: a Ciência, a Tecnologia e a educação pública e de qualidade.

A ciência sempre esteve nos bastidores, principalmente cientistas, e o momento agora é, além de muita pesquisa, gerar um canal de comunicação entre eles e o público leigo, o que já vem sendo feito por parte de muitos. Antes tarde do que nunca!

Diante desse movimento antivacina, que já estava ocorrendo antes mesmo da pandemia, com ela (a pandemia), a coisa tornou uma proporção descomunal e sim, a ciência e os pesquisadores precisam se aproximar da população, principalmente os jovens, e mudar isso, afinal todas as evidências estão a nosso favor. A vacina é uma realidade e funciona.

Apesar do empenho de muitos, ainda falta um alcance maior, pois os cientistas encontram muitos que ainda duvidam e acreditam em remédios não comprovados pela ciência, mas com tudo o que vem acontecendo a hora é de alertar e mostrar que quem vai salvar milhões de vida é ela (a ciência), é quem fará o trabalho mais pesado, salvando vidas. É só ela que pode fazer isso nesse momento tão delicado!

E quem é o cientista? É aquele que estudou anos e anos e hoje a sua profissão, não tão bem remunerada e sofrendo cortes, vive num laboratório procurando (pesquisando) remédios, sua eficácia e prevenções (vacinas) para males que muitas vezes foram causados pelo próprio homem. E agora, com tudo isso, a maioria dos brasileiros perceberam que não basta o trabalho deles, precisamos de políticas públicas eficazes, com pessoas que saibam o que estão fazendo no comando do país.

Não bastam médicos, enfermeiros, cientistas, professores e a tecnologia, não basta que eles estejam e continuem nos bastidores, suas vozes precisam ser ouvidas. O primeiro passo já foi dado, mas ainda há muito o que fazer. E que isso comece com os professores, que eles ensinem aos seus alunos o que é ciência, como ela funciona, para que as novas gerações não repitam o mesmo erro que cometemos ao delegar o comando do país, durante todo esse tempo, a quem não valoriza educação, ciência e tecnologia e não valoriza seus profissionais e professores. E, mais ainda, que deem ouvidos a quem realmente sabe do que está falando, e isso inclui os jornais, os divulgadores.

Muitas vidas se perderam, mas podemos salvar muitas delas ainda. Se as futuras gerações continuarem negando os nossos profissionais, estaremos fadados à destruição da nossa única casa e nossa única família: a Terra e os seres humanos.

domingo, 27 de dezembro de 2020

Feliz Ano Novo?

 


Este ano tivemos tantos problemas, que eu tinha decidido não me manifestar aqui nesse blog, pois afinal não havia nada informativo ou bom para passar, mas infelizmente a última notícia, e a que mais me abalou, me fez rever esse conceito.

Quando o ano começou, vimos todos os desmontes feitos por esse (des)Governo inconsequente e irresponsável e eu juro que não pensei que chegaríamos a tanto! Aí veio a pandemia, que aflorou ainda mais o quanto eles são incompetentes, mas o mais triste é saber que ainda existem pessoas que aprovam o que ainda pode piorar (e vai).

Essa pandemia foi irremediavelmente agravada pela falta de incentivo à ciência, à tecnologia e à educação, junto com o desmonte das universidades públicas e as pesquisas feitas por anos e anos a fio. E como eu disse, o mais triste é que existem pessoas que ainda aprovam tudo isso, ainda restam 30%.

Ainda por cima, diante de tudo, recebo a notícia de que o companheiro do meu amigo faleceu, apesar de ele ser conhecido e um excelente divulgador científico, não divulgarei o nome porque não pedi sua permissão. Isso me abalou profundamente, foi um misto de revolta contra tudo o que está acontecendo e contra todos que compactuam com isso e com esse presidente e sua equipe de ineptos. A cada dia que passa, não me arrependo de ter me afastado de todos que insistem em aprová-lo e mesmo dos que se arrependeram, por mais que tenham se arrependido.  Foram avisados, pelo menos, #EuAvisei!

Não há espírito de comunidade, de sociedade, há um individualismo, afinal as pessoas preferem não se manifestar para não serem criticadas, para não serem chatas. Só que a questão está além disso e cobrar uma postura de, pelo menos, resguardar o outro é obrigação. Mas a maioria prefere se calar e eu vejo isso quando saio à rua e as pessoas estão sem máscaras, aglomerando, medindo a temperatura no lugar errado e ninguém, absolutamente ninguém, se pronunciando, porque não querem ser inconvenientes. Me sinto mal por ser a chata.

Eu espero que, para o próximo ano, as pessoas tenham mais pensamento crítico, que saibam diferenciar método científico de opinião, que tenham mais empatia, senso de sociedade e que percebam que as pseudociências, por mais que acreditem, podem matar. E é o que elas estão fazendo quando as pessoas se calam ou ajudam a repercutir a má informação, a anti-ciência.

A ciência, a ética e a empatia devem permear todas as ações humanas e é o que eu espero para o próximo ano. O resto será  consequência disso. Despeço-me com profundo mal-estar  desse silêncio constrangedor e cúmplice de uma sociedade individualista e egoísta, uma sociedade que está doente. Sem mais e com fontes!

https://www.youtube.com/watch?v=YgqISyhuVBU Nunca vi 1 cientista

https://www.youtube.com/watch?v=PejAXQyyCv0 Roda Viva – A Corrida da Vacina

https://www.youtube.com/watch?v=ddxJ0CBOaxA Natalia Pasternak no Band News

https://iqc.org.br/ Instituto Questão de Ciência com Natália Pasternak

https://www.youtube.com/watch?v=AK1I2arp8zk Atila Iamarino

https://www.youtube.com/watch?v=nXALjXhEYp8 Monica de Bolle